Quando o meu Juventus não era um time fora de série e disputava a primeira divisão, seus jogos eram transmitidos pela Rádio Bandeirantes nas tardes de sábado. Teve épocas que o time era bom. Era o moleque travesso. Palmeiras, Corinthians e São Paulo sofriam nos nossos pés.
Tínhamos até uma dupla de atacantes famosa: Betinho e Raudinei.
Nessas tardes, eu punha o rádio sobre a pia da cozinha, sentava na escada e ficava torcendo, vibrando, xingando e comemorando. Um dia, eu não pude assistir ao jogo. Quando cheguei em casa, minha mãe logo foi dizendo:
— O Juventus ganhou!
“Como a senhora sabe, mãe?”, perguntei curioso.
— Sua avó ouviu o jogo inteiro e quando saiu o gol, ela ainda disse que era gol do Juventus. Eu perguntei como ela sabia e ela respondeu:
— Ué, falou Betinho!...
De tantos afetos e carinhos que eu tive, esse momento é daqueles que mais me aquece e traz conforto. Imaginar minha querida vozinha sentada numa cadeira para ouvir um jogo do Juventus só por minha causa é algo maior que um título de campeão.
Hoje, quando assisto a um jogo do time que meus meninos torcem ou tento entender uma partida de LOL e pergunto se a equipe deles ganhou ou se classificou, eles respondem com certo mau gosto ou desdém. Eu sei que uma partida de LOL é para os jovens, nerds e seus aficionados; não é para mim.
Mas o que eles ainda não entenderam é que eu estou apenas querendo dizer o que minha vó disse naquela tarde de sábado:
— Ué, falou Betinho!
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