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Foto do escritorghackmann

Escrevo poesias.

Gosto de vasculhar o Youtube em busca de temas e motes para minhas histórias. Atrizes e cantoras fantásticas inspiraram alguns dos meus personagens. Atores também. Eles acabam se tornando avatares dos personagens que vêm da minha imaginação.


Por esses mergulhos, me deparei com Barry Manilow cantando I write the songs. (Na minha juventude gostava bastante de ouvir suas canções, os anos 70 invadiam os maravilhosos anos 80, o que acontecia naqueles dias já dizia que tudo aquilo de paixões, sentimentos, alegrias, coragem e timidez se tornariam em breve saudosas recordações. Mas eu escondia o meu gosto por canções como as que Barry Manilow interpretava, pois, naquele tempo o mundo já zombava da expressão dos sentimentos e eu guardava tudo que sentia para mim).


Uma canção melódica, simples e tocante. Procurei sua tradução e, para surpresa do meu inglês ruim, só então entendi que a canção não fala do amor por um alguém, não fala do sentimento de um homem apaixonado por sua musa. Fala do amor às pessoas, à vida, do amor aos sentimentos.


Lendo e ouvindo, me vi na letra da canção. Que começa dizendo que “eu estarei vivo eternamente porque escrevi a primeira música”. Não almejamos a eternidade ao escrever um poema, um conto, um romance? Nós passaremos, o romance ficará é o que nos atrevemos a pensar.


Mas, o que mais me chamou a atenção é o trecho que diz “eu sou a música e escrevo as canções”. A música é a sensibilidade, as canções são os sentimentos. A sensibilidade do escritor em traduzir sua época, seu povo à sua volta em histórias, em sentimentos.


Para construir um personagem e escrever sua história, que nada mais será que uma história percebida no tempo ou nas pessoas, o escritor usa de sua música: a observação, a sensibilidade, a percepção, a coragem, a habilidade, a compreensão para fazer de sua canção uma história que preencha o coração de alguém, que alcance o leitor, que traga afeto, carinho ou amizade durante o tempo da leitura.

“Minha casa se encontra dentro de você. Tenho meu próprio lugar na sua alma”, canta Barry Manilow. Assim como conseguimos ouvir uma música na cabeça, sem nada tocando por perto, assim temos a percepção ao redor, do próximo, da vida, da luta, da dor, a compaixão como a pena que escreverá a canção, a história.


Se o escritor não se emocionar primeiro com seu personagem, penso que é porque o personagem não existe. Se o escritor não se sensibilizar com o drama do personagem é porque aquela dor é falsa. Se o personagem não surpreender o escritor é porque faltou a este construir uma relação de cumplicidade e abertura. Mútuas. Recíprocas.

Assim como o psicanalista sofre e chora com o drama e a dor de seu paciente, o escritor sofre e chora com o drama e a dor do seu personagem. O personagem não existe, é inventado. Mas o que o escritor percebe ao seu redor é real. O que ele observa nas pessoas é uma dor real. Uma angústia. Um dilema. Um ressentimento oculto. Um trauma escondido. Um desejo reprimido. Uma falha inconsciente.


“Quando eu olhar para fora através dos seus olhos”, diz a canção em algum momento. Nada mais profundo e verdadeiro. Quando o escritor olhar para fora através dos olhos de humanidade, de amor, de compaixão, ele encontrará as canções e as histórias dos seus personagens.


Eu escrevo histórias. E se forem histórias sobre paixões, dores e sentimentos, mesmo um conto, uma novela ou um romance, o escritor fará poesias.


(Carioba - As Tramas do Algodão é o livro que lancei esse ano - Editora Oito e Meio. Acesse a Amazon, procure pelo título e conheça um romance histórico com personagens criados com muita paixão).



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