Resenha
- ghackmann

- há 6 minutos
- 2 min de leitura
Eu costumo ler assim: ou muito rápido, pregado no livro porque não vejo a hora de descobrir o final, ou leio devagar, simplesmente por que a escrita do autor me encanta de tal forma que é preciso ler aos poucos, para respirar, meditar, assimilar e digerir aquelas palavras, a construção da cena, a revelação cuidadosa do personagem.
Ler "Instruções Para Desaparecer Devagar", da Flávia Iriarte, Editora Faria e Silva, me levou a essa experiência de ler uma história onde a história desaparece ante a urgência do Narrador em contar sobre descobertas e sentimentos de um personagem que vive aquela história.

Enquanto a protagonista Alice vai desaparecendo devagar, ela se mistura às paisagens e belezas do Oriente, se protege do mau humor ingrato e orgulhoso da amiga de viagem e se perde nas marcas e tristezas de pobreza que povoam o paraíso da Tailândia.
Alice não pensa em desaparecer de seu mundo de conforto e bem-estar. Mas, o desconforto com as desigualdades e injustiças a incomodam, confundem e perturbam. É para onde ela é atraída.
Dirigido por um narrador onisciente e profundamente sensível aos pensamentos e às batidas do coração de Alice, a história vai desvelando o secreto e o desconhecido da personagem. Alice ainda não se dá conta da transformação de sua vida, mas o Narrador, em toda sua sensibilidade e onisciência de uma alma pura, antevê, prepara e aquece a luz sob a qual Alice irá desaparecer.
Uma luz que surge após o rompimento do trauma de uma escuridão; uma luz que evidencia a clareza de que, ao se desaparecer, é onde você pode, finalmente, se encontrar.
Instruções para Desaparecer Devagar
Flávia Iriarte
Editora Faria e Silva
155 pgs.



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