Votei no Collor!
- ghackmann

- 20 de jul.
- 2 min de leitura

Recentemente a Câmara Municipal de Americana contratou um historiador, por concurso público. Lílson é de Piracicaba, logo iniciou suas pesquisas nos jornais encadernados da biblioteca da câmara e foi se deparando com antigas crônicas e artigos por mim publicados no jornal O Liberal, décadas atrás.
Havíamos sido apresentados apenas como colegas de trabalho, ele na Comunicação e eu na Contabilidade. Surpreso ao encontrar os artigos, Lílson foi fotografando e enviou muitos deles para mim.
Muitos eu nem me recordava. Lendo, até me surpreendi com a coragem de alguns textos, a irreverência e a espontaneidade de um jovem em seus vinte e poucos anos.
Mas, tanto quanto a surpresa da redescoberta da minha primeira fase de escrita, foi constatar que muitas daquelas crônicas de sátira e crítica da política nacional ainda ressoariam na atualidade.
A minha escrita livre de cuidados do politicamente corretos e da preservação da imagem, do emprego (ainda era solteiro) e das críticas ou perseguições pode ter sucumbido a um estilo mais refinado ou que oculte, nas entrelinhas, as mensagens de denúncia ou de observações ao que vejo e sinto hoje.
Porém, a crítica social e política que fazia nos anos 80 e 90, parece que ainda tem espaço para os dias de hoje. Os tempos passaram, mas o nosso jeito e comportamento como sociedade pouco mudou.
Essa crônica, Votei no Collor, mostra muito bem como ainda continuamos votando em figuras messiânicas e pitorescas como salvadoras e redentoras do País. E como continuamos sendo enganados, senão extorquidos, por gente como essa que galgamos ao poder.
Continuamos querendo ser enganados, com medo de encararmos a realidade social que nos cerca e na qual fazemos parte. Continuamos transferindo a figuras da elite social ou política, a quem defende interesses de poucos, achando que fazendo assim estaremos mantendo uma normalidade social, pois ou continuamos assim ou o cairemos no comunismo ou na libertinagem.
E assim vamos sendo enganados, eleição a eleição, ano a ano, década a década.
Votamos no Collor, na primeira eleição após a redemocratização; votamos no Bolsonaro, para evitar a volta da esquerda. Hoje, somos reféns das chantagens desse clã, que ameaça o Brasil a terra arrasada se suas vontades não forem feitas.
Collor está preso. Bolsonaro, de tornozeleira eletrônica, em breve estará. E logo ergueremos outra figura das elites, maquiada de cordeirinho, para nos proteger do mal.
E como a madame da crônica, ainda chegaremos na boca do Caixa dos bancos, ou na sua tela digital, e, incrédulos, ainda continuaremos a dizer:
"Votei no Collor, tira essa culpa de mim!"



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